Afinal: vale a pena investir anos e dinheiro numa qualificação superior?

Em uma de minhas buscas a reportagens que tenham a ver com o dia a dia das pessoas normais,assim como eu,me deparei com uma que me chamou muita atenção,afinal,já passei por situações de constrangimento ao tentar uma oportunidade de emprego,simplesmente pelo fato de estar querendo e precisando muito trabalhar e ter o ensino superior,o que me impediu de ser contratada pela empresa,uma vez que a pessoa me considerava qualificada demais para o cargo de vendedora!


E devido a esses contrastes de um Brasil,que por um lado quer um povo qualificado educacionalmente para ser exemplo de boa educação no país e no mundo,e que por outro lado obriga seu povo a passar por constrangimento como estes,de serem tachados como bom demais para o emprego,eu decidi postar aqui esta reportagem,que sem dúvida vai mexer com os questionamentos de muita gente,seja qualificado ou não.


Segue abaixo a reportagem:


Pessoas com mais estudo são mais humilhadas no trabalho (publicado em 10/02/2011 às 10h05: do R7)

Pesquisador aponta que trabalhadores discriminados podem entrar com ação judicial

Preconceito e humilhação no ambiente de trabalho são problemas que costumeiramente atingem quem tem mais anos de estudo ou formação maior do que os chefes e os colegas, segundo uma pesquisa apresentada na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo).
A discriminação com quem tem diploma de mestrado, doutorado ou de especialização acontece em três momentos: na hora de contratar, no decorrer do trabalho e na hora da demissão.
A pesquisa aponta que, na contratação, muitas vezes a sobrequalificação (nome dado ao efeito de ter mais qualidades do que o emprego exige) é vista como fator negativo pelos empregadores, porque pode levar a questionamentos sobre o salário e a função. Em entrevista à Agência USP de Notícias, o pesquisador Jorge Boucinhas Filho, responsável pelo estudo, apontou alguns casos.
Em um deles, a contratação de um professor de história, com mestrado em ciências sociais, foi dispensada por escolas de ensino médio porque seu currículo era superior ao necessário e suas explicações de nível complicado poderiam confundir os alunos, de acordo com Boucinhas.
- Uma das características mais perversas da discriminação por sobrequalificação é que ela não é baseada em estereótipos, mas gerada por questões financeiroas ou pelo medo que o chefe tem de ser substituído pelo empregado.
Esconder as qualidades
Boucinhas relata outro caso em que um economista de Natal (capital do Rio Grande do Norte) teve que mentir e dizer que não era formado em economia para conseguir um emprego, como corretor de imóveis. A dissertação de mestrado apresentada pelo pesquisador aponta que as pessoas não sabem reagir a esse tipo de preconceito.
- A reação da maior parte das pessoas que fica sabendo de casos similares, ou que sofrem na pele a mesma situação, consideram a atitude do empregador como imoral e nunca como ilegal. Afinal, é o empregador quem manda e desmanda em sua empresa.
Trata-se, de um erro, na opinião do pesquisador. É possível entrar na Justiça quando ocorre discriminação, que pode se traduzir inclusive em práticas mais complexas de rebaixar o salário de quem tem mais prepraração, como no caso de universidades privadas.
 - Um fato comum em universidades particulares é a forma de conter gastos com o corpo de professores. Como a redução de salários é proibida pela Constituição, a instituição promove o esvaziamento dos cargos de alto nível de especialização e não contrata mais professores para aquela determinada faixa salarial. Depois, é criado um novo cargo para contratar professores menos especializados e com salários mais baixos.
Soluções
Quando o profissional é discriminado no recrutamento, ele pode mover uma ação judicial por perdas e danos e pedir uma indenização, afirma o pesquisador.
- Se, no entanto, a discriminação acontecer durante o contrato de trabalho, além da indenização, [a pessoa] pode pedir, por exemplo, que seja reenquadrada em um cargo condizente com a sua formação, caso a empresa possua um plano de cargos e carreiras.
Boucinhas aconselha aos trabalhadores que fiquem atentos, porque entrar com um processo na Justiça pode ser uma faca de dois gumes.
- Infelizmente, não há como garantir que o trabalhador que mova uma ação por discriminação ou outras questões trabalhistas não possa ser alvo de uma lista negra, prática nefasta ainda utilizada em alguns setores da economia, que traz a relação dos nomes de pessoas que moveram processos na Justiça e, por isso, saem prejudicadas na hora de serem chamadas para uma entrevista de emprego.
Fonte : 



Cátia Rodrigues (Técnologa em Gestão Ambiental)

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