Servidor do IEF é investigado pelo MP

O Ministério Público do Estado (MPE) de Minas Gerais investiga a infiltração da chamada "Máfia do Carvão" no Instituto Estadual de Florestas (IEF). As supostas irregularidades seriam liberações fraudulentas que permitiriam desmatamentos ilegais, com crimes ambientais em vários municípios das regiões Norte e Centro-Oeste mineiras. Além do crime ambiental, o MPE ainda calcula o rombo financeiro provocado pela sonegação de tributos. Uma avaliação preliminar de requerimentos de desmate em Unaí, Noroeste de Minas, aponta, até agora, prejuízos e sonegação superiores a R$ 20 milhões.

De acordo com um promotor de Justiça que solicitou anonimato, o esquema fraudulento viria atuando há pelo menos cinco anos. Pedidos de desmatamento requeridos junto às unidades do IEF no interior, não autorizados por técnicos locais, acabavam liberados em Belo Horizonte. "Isso não poderia ocorrer sem o conhecimento da cúpula do IEF e é para esse ponto que as investigações serão direcionadas", disse o promotor.

Ontem, o MPE divulgou a relação de denunciados durante a operação denominada "SOS Cerrado", desencadeada no último dia 31 de março, em parceria com a Secretaria de Estado de Fazenda e a Polícia Militar.

As denúncias são por crimes ambientais, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro e já foram protocoladas nas comarcas de Januária, Pirapora e São Francisco, no Norte mineiro. Denúncias também serão protocoladas, nos próximos dias, em Unaí, Bocaiuva e Várzea da Palma. Um dos denunciados é o engenheiro florestal Marcelo Araújo Porto Nazareth, servidor do IEF há 16 anos e que atuava como gerente de controle e fiscalização ambiental na sede do IEF, em Belo Horizonte. Nazareth está preso em Montes Claros, no Norte de Minas.

Ontem, por volta das 16 horas, o HOJE EM DIA telefonou para a residência de Nazareth, em Barbacena. Um familiar confirmou que ele está preso, "sem provas". Já uma mulher, que não quis de identificar, disse que "não ajudaria a vender jornal com o sofrimento da família" e se negou a fornecer o contato do advogado de defesa. Ainda conforme o MPE, outro denunciado é o advogado Carlos Alberto Murta, ex-servidor do IEF, que atuaria como lobista no esquema e, junto com Nazareth, teria visitado propriedades beneficiadas com as autorizações supostamente fraudulentas para desmate ilegal. O HOJE EM DIA não conseguiu contato com seu advogado.

Durante a operação, foram cumpridos 53 mandados de busca e apreensão e 12 pessoas foram presas. As buscas ocorreram em 18 cidades, entre elas Unaí, João Pinheiro, Monte Carmelo, Januária, bocaiuva, Várzea da Palma, Taiobeiras e Rio Pardo de Minas. Em Belo Horizonte, a busca foi na sala do IEF onde Nazareth trabalhava. De acordo com o MPE, a análise dos documentos apreendidos revela que várias das quadrilhas desmanteladas pela operação encontravam no escritório central do IEF o apoio que precisavam para cometer os crimes ambientais.

O diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti, informou que todas as autorizações assinadas por Nazareth, além de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) conduzidos por ele, foram cancelados. Também determinou uma sindicância interna para apurar as supostas irregularidades.

Fonte: Portal IEF

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